A palavra repete-se sete vezes nas sete páginas do manifesto do MEP. E não é esquerda, nem direita, nem social-democracia ou socialismo, nem liberal ou conservador - é "esperança". Uma palavra para o programa político do Movimento Esperança Portugal (MEP), que se pretende constituir como partido. Com ambições já para 2009 , nas eleições europeias e legislativas... se passar o teste da recolha das 7500 assinaturas necessárias à formação de uma nova organização partidária.
Rui Marques, ex-Alto Comissário para a Imigração é o rosto mais mediático do MEP - "somos um grupo de 60 pessoas, cidadãos comuns, não são pessoas do [
panorama mediático nacional]." Reconhece que o projecto é difícil, mas "a dificuldade não é um factor de desmobilização". "Não é a primeira vez que luto por causas difíceis", afirma, evocando a viagem do Lusitânia Expresso, que há 16 anos tentou entrar em Timor-Leste: " Faz-me lembrar a conversa de 1992 quando diziam 'mas acha que alguma vez Timor vai ser independente?'".
Já com o horizonte nas eleições de 2009, o MEP surge como um movimento que se pretende humanista e ao centro do espectro político: entre o PS e o PSD, portanto. " É onde se situa a esmagadora maioria do eleitorado, corresponde ao sentir com que se identifica a maioria dos portugueses", diz Rui Marques, fazendo questão de acrescentar: "Não é o centro dos interesses, não é a gestão de participação nos bens públicos."
Para o ex-Alto Comissário para a Imigração "vivemos tempos de crispação, de radicalismo, faltam contributos para que se possa acrescentar mais bom senso e equilíbrio" à política. "Não por ruptura, não por combate", defende, recusando também a tradicional clivagem ideológica: "A classificação clássica de esquerda/direita está ultrapassada. Dizer que a justiça social é um tema de esquerda ou que a família é um tema de direita é uma convenção disparatada. Não é por aí que se faz a diferença. E o MEP fará? "Não estamos preocupados em antecipar o final da história."
Mas a história o que diz é que qualquer novo partido tem grandes dificuldades em impor-se. Manuel Meirinho, professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), diz que o MEP não será diferente: "A lógica de competição é muito penalizadora para novos partidos e o sistema eleitoral não é nada favorável". Pedro Magalhães, responsável pelo centro de sondagens da Universidade Católica, também sublinha as dificuldades, mas sustenta que há espaço a ocupar ao centro. "Há alguma oportunidade do ponto de vista ideológico e de posicionamento" , defende, salientando que PS e PSD "atravessam um período muito negativo". Nos partidos, PS e PCP escusaram-se a comentar o anúncio. Já Miguel Relvas (PSD) defendeu que a criação de um partido "não pode ser apresentada numa perspectiva meramente táctica", "algures entre o PS e o PSD". com LUSA
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