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"...Dili - O Presidente Republica Dr. Ramos Horta adverte a Fretilin (Maior Partido da Oposiçao- MPO) a cooperar com o Estado e o Governo para o longo prazo no 35º anivversario festa ASDT/Fretilin. O PM Xanana Gusmao pediu desculpa publica relacionado com o accidente "baindeira nacional caiu" na cerimonia VII aniv. restauraçao Independencia no dia 20 de Maio em Dili e está de visita a Angola. Fretilin diz que a Marcha da Paz será realizada quando termina a reestruturacao do partido chega ao fim. O PUN - Partido Unidade Nacional da Fernanda Borges, deputada e presidente da Comissão A no Parlamento Nacional considera que só a Igreja Católica garante a paz genuina e justiça social em Timor Leste. ASDT/Xavier do Amaral discorda a proposta de eleicao antecipada porque "o povo quer Xanana Gusmao conduza o país até 2012". Bispo de Dili Dom Alberto Ricardo apela a minimizaçao da divergencia pessoais para consolidar a uniao da liderança polítca em torno dos projectos do desenvolvimento nacional. Esthon L. Foenay, vice governador da NTT apela no dia 20 de Maio de 2009 a possibilidade de "renovaçao da reconciliacao" entre timorenses com as ex-IDP residentes em Atambua/Kupang!
ASSINALADOS - O VII ANIVERSARIO, OS MARTIRES DA PATRIA E LEMOS PIRES

Coimbra - Reunidos em Coimbra no dia 23 de MAio de 2009 S.E. Dr. Antonito de Araújo, encaregado de Negocios da RDTL em Lisboa; Representantes PALOP´s; Estudantes Timorenses Zona Norte, Comunidade e amigos de Timor Leste residentes em Coimbra assinalaram o VII Aniversário, os mártires da Patria e o último governador de Timor General Mario Lemos Pires num minuto de silencio que inicia a cerimonia da investidura da VI direcçao da ATC no Centro Cultural Dom Dinis da Universidade de Coimbra...

terça-feira, outubro 30, 2007

Marí Alkatiri visita Wahid e PAN em Jakarta

Visita do antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri à Indonésia: Timor-Leste entre uma rocha e um lugar duro Japan FocusPostado no Japan Focus em 18 Outubro, 2007.Geoffrey Gunn e Andre VltchekEste artigo fornece uma visão das dificuldades com que se confronta Timor-Leste a mais nova e mais pobre nação da Ásia Pacífico, e uma entrevista com Mari Alkatiri.À superfície pode parecer estranho que saído recentemente do executivo, o antigo Primeiro-Ministro da República Democrática de Timor-Leste (RDTL) e Secretário-geral da FRETILIN, Mari Bim Amude Alkatiri, tenha escolhido visitar Jacarta em Setembro de 2007, a capital do país que invadiu brutalmente e ocupou o país da meia-ilha em 1975-76, alvejando especialmemte a FRETILIN e os seus apoiantes em nome do anti-comunismo. Mas a Indonésia mudou, ou não? E a FRETILIN, agora na oposição mudou, ou não? Ou está a FRETILIN a colocar as suas apostas vis-a-vis Austrália, o país a quem muitos - FRETILIN incluída – acredita ter ultrapassado o prazo da sua visita, uma referência à re-inserção das forças militares Australianas em Timor-Leste em meados de 2006 fora do controlo da ONU.Para sermos correctos, a República da Indonésia agora tem um presidente eleito no princípio da queda do regime ditatorial da Nova Ordem do General Suharto nas contorções da Crise Económica Asiática de 1997-98, em grande parte devido aos esforços do movimento pró-democracia doméstico da Indonésia, reformasi. Começando com o sucessor nomeado por Suharto, B.J. Habibie, o Presidente que autorizou uma votação da ONU que levou à independência de Timor-Leste em Agosto de 1999, a Indonésia testemunhou uma enorme mudança na sua paisagem política e social, suficiente para merecer na opinião de alguns o estatuto duma nova democracia. Apesar da Indonésia ter sido o local de numerosos ataques terroristas, Jacarta ganhou também os louvores de Washington como um aliado responsável na “guerra contra o terrorismo.” Tendo substituído Megawati Sukarnoputri (2001-2004), conhecida pela sua postura de linha dura em assegurar a integridade territorial da Indonésia, substituindo Abdulrahman Wahid (1999-2001), conhecido por actualmente apoiar os direitos de Aceh e Papua contra os militares de linha dura, o antigo General formado nos USA, Presidente Susilo Bambang Yudhoyono (2004-), e veterano da guerra Indonésia de ocupação em Timor-Leste, tocou as cordas certas no Ocidente. Contudo a transição da Indonésia de um governo dominado pelos militares para um governo dominado pelos civis difícilmente é uma linha recta, tal como os frutos da vitória do movimento formasi parecem ter caído na antiga elite menos Suharto e família, tal como o próprio cleptocrata goza de impunidade protegido pelos militares.É nesta conjuntura que Mari Alkatiri viajou para Jacarta. Obviamente, em tempos mais difíceis, como Primeiro-Ministro deTimor-Leste Alkatiri lidou com todos os três Presidentes Indonésios que sucederam a Habibie, mas sem dúvida que teve a melhor relação com Wahid. Os media Indonésia disseram que ele viajou para a Indonésia a convite da organização Muhammadiyah, ela própria apoiante do moderado Partido do Mandato Nacional (PAN), para fazer uma palestra no Centro para o Diálogo e Civilizações em 11 Setembro de 2007. Como muçulmano e como antigo Primeiro-Ministro, era um candidato óbvio. Muhammidiyah é a segunda maior organização muçulmana na Indonésia com raízes que vêm de 1912. O PAN foi fundado pelo intelectual muçulmano Amien Rais em 1998 numa tentativa para se tornar presidente. Mesmo assim, e por razões melhor conhecidas por ele próprio, Alkatiri deseja cimentar os laços da FRETILIN com o partido muçulmano minoritário que ganhou grandiosidade, Partai Keadilan Sejahtera (Partido da Justiça Próspera), mais conhecido pelo apoio do islamismo tradicional, mesmo de causas islâmicas. Apesar de ter ganho apenas 7 por cento dos votos nas eleições nacionais de 2004, fez também ganhos significativos nas eleições para responsáveis regionais do governo. O Presidente do partido Tifatul Sembiring respondeu positivamente a um desafio da FRETILIN para estabelecer relações de amizade. [1]Alkatiri tem procurado posicionar a FRETILIN como um partido socialista em oposição a um partido Marxista ou comunista. Como explicou a interlocutores em Jacarta, era um Primeiro-Ministro muçulmano de país de maioria católica e que a FRETILIN se mantém comprometida com o socialismo. Tal perspectiva põe uma cara corajosa numa orientação pouco entendida no interior duma Indonésia com medo dos comunistas, muito menos em Timor-Leste onde a alfabetização é extremamente baixa, e onde multidões têm pintado a FRETILIN como um partido sem Deus. Mas fora dos círculos da elite e dos verdadeiros crentes em Timor-Leste –e há muitos – a FRETILIN continua a ser simplesmente o partido que alcançou (na verdade recuperou) a independência. Apesar de raro na Ásia do Sudeste pós-colonial, onde os partidos que lideraram a luta pela independência muitas vezes continuam hegemónicos durante décadas ou mesmo gerações, a FRETILIN, que ganhou duas eleições sucessivas, encontra-se agora na oposição.Nascido de uma luta de guerrilha de 24 anos e duma intervenção humanitária apoiada pelo Ocidente, e sobrevivendo de uma linha de vida da boa vontade internacional depois da devastação da Indonésia em Timor-Leste durante a votação de 1999 e outra vez após violência devastadora interna que começou em meados de 2006, Timor-Leste tem enfrentado escolhas duras para responder a desafios regionais. Em parte, isto é uma referência a relações com a maioritária muçulmana Indonésia e. em parte referência à Austrália, uma grande dadora a Timor-Leste mas um país que tem jogado duro nas negociações das contestadas fronteiras marítimas e na partilha dos rendimentos do petróleo e do gás, cruciais para a sobrevivência de Timor-Leste. Como Ministro Chefe da administração da ONU e como Primeiro-Ministro, Mari Alkatiri liderou as negociações sobre o Acordo do Mar de Timor, ganhando concessões substanciais duma Austrália rancorosa, apesar de obrigado a adiar reclamações legitimas internacionais sobre fronteiras marítimas quando a Austrália se retirou dos protocolos da ONU das fronteiras. Como Primeiro-Ministro, Alkatiri tornou-se ainda o alvo duma campanha negativa concertada dos media Australianos no princípio dos confrontos de liderança em Timor-Leste em 2006, levando à sua resignação em 26 Junho.Abundam ironias na situação. Dias antes da violência devastadora, Alkatiri tinha sido elogiado pelo Presidente do Banco Mundial basicamente por ter aderido às políticas do Banco sobre governos magros, frugalidade fiscal e políticas pró-mercado. Timor-Leste sob Alkatiri não fez nenhuma experiência em socialismo. Para ser correcto, como afirma Alkatiri, a sua administração foi literalmente renascida das cinzas, e muito foi alcançado em cinco curtos anos. Contudo, por falta de capacidade, a administração nascente, mostrou-se incapaz na gestão de projectos, aquisições e implementação, deixando intervalos de gastos através da macro-economia apesar dos excedentes do orçamento do governo. Se em tempo oportuno gastos do governo e investimento estrangeiro puderam ter ajudado a relançar a economia rural e urbana, o desemprego crescente da juventude urbana e a frustração com a falta de desenvolvimento alimentaram a raiva popular. Conquanto tal inépcia possa ser atribuída a falta de experiência e de capacidade de gestão da parte do gabinete de Alkatiri, a retirada prematura da parte da missão sucessora da ONU também causou estragos.Contudo Alkatiri errou nas nomeações do seu gabinete. A escolha de Rogério Lobato (Ministro do Interior), sentenciado a sete anos e meio de prisão por distribuir armas a civis, pode ter sido fatal para Timor-Leste. Mesmo assim, uma pessoa interroga-se com a eficácia do aconselhamento e apoio internacional que viu o favoritismo no recrutamento tanto da polícia como dos militares, entre outras anomalias. Uma tal parcialidade no recrutamento da força de defesa favorecendo os recrutas do oeste sobre os do leste foi de facto o pretexto usado pelo antigo militar formado na Austrália Major Alfredo Reinado para desertar em Maio de 2006 juntando-se a um anterior grupo de amotinados das forças de defesa da nova nação. Tomando o aconselhamento da ONU, Alkatiri foi correcto em demitir os amotinados. Ainda ao largo, depois de ter fugido da prisão em Agosto de 2006, Reinado, que ganhou um grande apoio popular no centro-oeste do país, tem sido apoiado por ambos o antigo Presidente José Xanana Gusmão e o antigo Ministro dos Estrangeiros/Primeiro-Ministro José Ramos-Horta.Apesar de Alkatiri ter sido pessoalmente ilibado por uma Comissão da ONU de cumplicidade em actos de distribuição ilícita de armas, os seus opositores, tanto internos como externos – e havia muitos – agarraram esta insinuação para derrubar o seu governo. Alkatiri queixou-se de uma tentativa de golpe orquestrada por actores não nomeados, que amplamente se acredita serem a igreja católica e a Austrália, se não o governo então os media. Tanto o então Presidente Gusmão como o então ministro dos Estrangeiros Ramos-Horta também endureceram as divisões da elite alimentando o que alguns observadores incorrectamente rotularam de divisões étnicas. Gusmão foi censurado pela Comissão da ONU por inflamar divisões comunitárias no pico da crise. Certamente o governo de Howard da Austrália não se desgostou com a mudança de regime em Timor-Leste. O individuo no centro das alegações que forçou Alkatiri a resignar apenas foi preso em Dili no princípio de Outubro de 2007, um ano depois da evidência vir à luz do dia. Este é Vincente de Conceição, alias Comandante Railos, que a Comissão da ONU determinou tinha liderado 32 combatentes em emboscadas contra soldados Timorenses matando pelo menos nove. A Comissão determinou que ele foi abastecido com armas por Lobato. Como dizia um documentário de alto perfil da televisão Australiana, Railos alegou que Alkatiri esteve pessoalmente envolvido na montagem de um esquadrão de ataque para eliminar rivais políticos. Pela sua parte, a FRETILIN contra-argumentou que Railos usava uma carta de autorização para viajar fornecida por Gusmão. [2]Não obstante os custos humanos da tragédia de 2006, que deixou cerca de 150,000 pessoas deslocadas e fez ganhar à nação a alcunha de “Estado partido,” a legitimidade tinha de voltar das caixas de votos. Em eleições monitorizadas pela ONU realizadas em Junho de 2007, a FRETILIN emergiu como o maior partido ganhador de votos (29 por cento) apesar disso curto para uma maioria. Tendo sido eleito para a Presidência, eclipsando por pouco um rival do Partido Democrata (PD) numa primeira volta das eleições, Ramos-Horta convidou o antigo Presidente que ficou Primeiro-Ministro Gusmão para formar governo como responsável da sua Aliança da Maioria Parlamentar. (Noutras palavras Presidente e Primeiro-Ministro trocaram de cargos). O partido mais forte nesta Aliança é o PSD com laços à UDT, o rival histórico da FRETILIN. A deserção da FRETILIN do corrente Vice-Primeiro-Ministro José Guterres e apoiantes trabalharam a favor de Gusmão. O partido chapéu formado à pressa por Gusmão tem pouca coerência e falta-lhe políticas. O PD, que inclui a oposição de facto do governo da FRETILIN, mantém-se marginalizado. Com boa razão, a FRETILIN, o partido maioritário, encara por isso o processo de instalação do governo como inconstitucional, mas abandonou a ideia do desafio legal ao golpe virtual constitucional desenvolvido por Ramos-Horta ao mesmo tempo que continua a boicotar o parlamento. O Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento Asiático e os maiores dadores estão-se a mexer para influenciar a nova administração. Modificação da lei das terras é um resultado favorecido pelas instituições internacionais e a preferência da FRETILIN por processamento onshore do LNG será sem dúvida repelida por ordem da Austrália. Gusmão tornou conhecida a sua preferência de sacar do Fundo do Petróleo para financiar os programas do governo. Os financiamentos não faltam dado que o Fundo do Petróleo está a crescer a vários milhões de dólares por mês (muito mais do que o previamente projectado), mas a entrega dificilmente será garantida sob a administração de Gusmão mesmo se, como sugere Alkatiri, a nova administração seguir basicamente as orientações da administração da FRETILIN. [3]Trocando Verdade por AmizadeComo vítimas de crimes contra a humanidade, chegando ao genocídio na opinião de alguns, Timor-Leste cavalgou uma onda de simpatia internacional quando as normas internacionais mudaram para a intervenção humanitária e a necessidade de se ver que se faz justiça. Mas, ao lado do Rwanda e da antiga Jugoslávia, à Indonésia foi dado tempo para construir o seu próprio caso de prossecução contra os acusados de crimes em Timor-Leste durante o curto período das eleições e independência em 1999. Mesmo quando o Tribunal Especial apoiado pela ONU em Dili indiciou um número de figuras militares Indonésias, incluindo o General Wiranto por “crimes contra a humanidade,” (os chamados “Mestres do Terror”), [4] a Indonésia não honrou os pedidos de extradição. Gusmão foi tão longe quanto a visitar Wiranto na Indonésia numa tentativa para acalmar tensões com o poderoso vizinho da nova nação. Em 2003, o então Ministro dos Estrangeiros da RDTL Ramos-Horta chegou a dizer que não havia nenhuma necessidade de um tribunal internacional porque “a Indonésia tinha mudado.”Inicialmente a FRETILIN e Alkatiri distanciaram-se eles próprios desta posição, que deixou a Indonésia liberta em nome do interesse da reconciliação internacional . Alkatiri tinha sido estridente a pedir justiça numa altura em que a Presidente Indonésia Megawati estava a desviar o processo judicial em Jacarta. Conquanto Alkatiri não seja explicito, as tentações de ser membro da ASEAN sem dúvida pesaram na sua anterior insistência em processar os perpetradores das atrocidades. A marca da ASEAN de contribuição para o regionalismo mantém-se no seu princípio de “não-interferência” nos assuntos internos dos países membros. Pode-se apenas presumir que a troika da RDTL Presidente, Ministro dos Estrangeiros e muito atrasado o antigo Primeiro-Ministro conheciam a lei de tumulto deste entendimento tácito.A chamada Comissão da Verdade e da Amizade (CVA) fundada pela Indonésia e Timor-Leste em 2005 emergiu assim como o mecanismo chave institucional através do qual os dois países procurariam enterrar o passado. Uma tal fórmula é ainda mais surpreendente dado que a comunidade internacional já tinha investido milhões de dólares e anos de trabalho no patrocínio da Comissão pela Abertura, Verdade e Reconciliação em Timor-Leste (CAVR) que entregou recomendações específicas sobre justiça para vítimas de crimes contra a humanidade. [5] Consistentemente a ONU tem defendido um Tribunal Internacional para julgar os perpetradores dos crimes cometidos em Timor-Leste. Tão recentemente quanto Julho de 2007 anunciou que não iria dignificar a CVA devido às suas provisões de amnistia. Como afirmou nessa ocasião o porta-voz da ONU, “a Organização não pode endossar ou perdoar amnistias por genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra ou grandes violações de direitos humanos, nem devia fazer nenhuma coisa que os possa encorajar.” [6]Ao juntar-se ao consenso da elite sobre a reconciliação, mesmo a FRETILIN é vista por muitos em Timor, de vítimas a activistas das ONG's, como à margem do sentimento popular. À luz das suas anteriores posições, é na verdade surpreendente que Alkatiri defenda agora o trabalho da CVA em Jacarta. O povo Indonésio tanto quanto a sua liderança precisa de conhecer a verdade dos eventos em Timor-Leste. Podiam fazer pior do que lerem a versão em Bahasa Indonesia do relatório da CAVR e actuar conforme as suas recomendações.[1] “Alkatiri bertemu ifatel," Setembro 11, 2007,[2] Lindsay Murdoch, "Timor guerilla held for assembling “death squad”, The Age,[3] “Fretilin calls on Ramos-Horta to sack prosecutor general,” Comunicado de Imprensa da Fretililn, 16 Outubro 2007.[4] Richard Tanter, Desmond Ball and Gerry van Klinken (eds.), Masters of Terror: Indonesia’s Military and Violence in East Timor, Latham: MD., Rowman & Littlefield, 2005.[5] Texto aqui.[6] “Timor-Leste: UN to boycott truth panel unless it bars amnesty for gross abuses,” UN News Centre, Julho 26, 2007*** *** ***O Futuro de Timor-Leste: uma entrevista com Mari AlkatiriAndre Vltchek (Asiana Press Agency)P: Como é agora mesmo a relação entre a Indonésia e Timor-Leste?R: As relações são muito boas, apesar de termos ainda pendentes algumas questões menores que têm de ser resolvidas, tais como propriedades e fronteira terrestre. Esperamos que estas questões se possam resolver até ao fim deste ano. E obviamente temos a Comissão da Verdade e Amizade a trabalhar e estamos à espera do relatório sobre as suas conclusões.P: Quanto é que na realidade espera da Comissão da Verdade e Amizade?R: Já estou fora do poder e fora do governo, por isso não posso contar muito. Mas penso que se sair alguma verdade do trabalho deles, isso será muito importante. Ambas as nações precisam de conhecer a verdade. Acredito também que o processo de democratização em ambos os países eventualmente trará soluções para os problemas existentes.P: Mas pode-se chegar a uma conclusão dado o facto que o povo da Indonésia não conhece o que fizeram os seus próprios governo e militares durante a ocupação de Timor-Leste?R: Esse é o ponto exactamente. Apenas serão possíveis soluções se ambos os lados forem informados acerca do que ocorreu realmente. A verdade é o caminho para a solução. As pessoas têm de socializar; têm de compreender. Penso que este é o objectivo principal. Se for alcançado, então os dois países podem começar de novo. É para a Comissão decidir se á para procurar justiça ou para oferecer amnistia. Entretanto, ambos os governos têm de lidar com esta questão com muito cuidado, de modo a reforçar a sua amizade e a não porem tudo em risco.P: Mas não estamos a falar simplesmente de violações aos direitos humanos; estamos a falar de genocídio. Em consequência da ocupação um terço da população de uma nação pequena ou morreu ou desapareceu…R: Temos ainda a Comissão a trabalhar na questão dos desaparecimentos. Tão recentemente quanto na semana passada tive um encontro com a Cruz Vermelha, e obviamente eles estão a trabalhar nesta matéria dos desaparecidos… Esta questão tem de ficar clarificada; há ainda famílias cujos membros faltam. Os seus queridos pais e mães e outros membros da família… Mas estas coisas demoram tempo.P: Quão receptivo estão os militares e o governo Indonésio, e mesmo a população? Quão receptivos estão eles para assumirem responsabilidades para décadas de ocupação e as suas consequências?R: Penso que esta pergunta tem de ser dirigida a eles. Mas sinto que se estão a mover na direcção certa.Q: Quando se encontra com membros da população Indonésia eles sabem o que aconteceu no seu país? Têm eles ideia da escala do que ocorreu?R: Penso que não… Penso que não. A população em geral não imagina a escala. E definitivamente precisam de saber.P: Quando se reúne com oficiais do governo aqui, e na manhã seguinte lê os jornais locais, sente que a questão está a receber cobertura objectiva e detalhada?R: Não é fácil para os oficiais aqui lidarem com essa questão, porque a Indonésia está ainda numa transição curta de um regime para outro… e eles precisam de lidar com estes tipos de questões com muito cuidado. Temos de compreender isto.P: Vê algumas similaridades entre o que aconteceu no seu país e o que está agora a acontecer na Papua?R: Sim, há agora alguma resistência na Papua. Todos sabemos isso muito bem . Aceh terminou mas a Papua está ainda a enfrentar problemas.P: Voltando a Timor-Leste, qual é, nesta altura, a posição do seu país? Estão a negociar com o Fórum das Ilhas do Pacífico, estão a melhorar os laços com a Indonésia, e as relações com a Austrália estão tensas …R: este é o dilema de um país pequeno. Estamos entre dois blocos regionais e temos realmente de pesar as nossas opções. Candidatámo-nos a sermos membro da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático], já somos membros do ARF [Forum Regional da ASEAN ], mas beneficiamos também do estatuto de observador do Fórum das Ilhas do Pacífico. Infelizmente não podemos ser membros de ambos. Sim, infelizmente; de outro modo seria mais fácil para nós. Sentimo-nos divididos. Mesmo assim gostaríamos de cooperar com o Forum do Pacífico e ao mesmo tempo sermos membros da ASEAN. Talves, um dia, as coisas mudem e nos seja permitido dermos membros de ambos.P: Qual é a sua relação com a Austrália neste momento?R: Como primeiro-ministro defendi os interesses do meu povo. Não fiz nada contra a Austrália. Mas algumas pessoas interpretaram a defesa dos interesses do meu povo como ir contra a Austrália. Nunca fui contra a Austrália, mas fui eleito primeiro-ministro de Timor-Leste e tive de lidar com questões extremamente complicadas relacionadas com os recursos vitais do meu país – recursos sob o Mar de Timor. Fiz o mei melhor para obter tanto quanto possível para o meu povo. Isso não é crime.P: Houve muito torcer de braço da parte da Austrália. No fim. Alcançou-se um compromisso entre os dois países. Está satisfeito com a conclusão?R: A Austrália fez um grande esforço para chegar a um acordo connosco. Ainda não estamos satisfeitos, porque pensamos que 100% da riqueza nos pertence. Mas é melhor termos 50% do que nada. É este o ponto.P: Alguma vez sentiu que o seu país quase que não tinha nenhuma possibilidade contra uma nação tão poderosa quanto a Austrália? O seu pais foi para vários órgãos e tribunais internacionais, procurando arbitragem. A Austrália retirou-se simplesmente da jerisdição do Tribunal Internacional na fronteira marítima com Timor-Leste.R: Sejamos realistas. É assim que funciona o mundo. Mas há que lutar e tentar obter o melhor para o povo. Ás vezes quando se faz isto , criam-se inimigos. Mas há que ser corajoso. Acredito que se chegássemos ao tribunal teríamos ganho definitivamente. Sou eu próprio advogado e tinha consultado gente de muitos países. Estava confiante. Mas uma vez que a Austrália decidiu retirar-se do tribunal – o tribunal internacional não é como alguns tribunais domésticos – não se pode de facto apelar para um tribunal se o outro país não aceita a sua jurisdição. Tais situações favorecem sempre os poderes grandes, nunca os países pequenos. Estes podem apenas lutar, até ao ponto em que entendem que estão a obter tanto quanto é possível obter sob as regras presentes… e depois têm de aceitar isso.P: Há ainda uma grande desilusão e amargura em relação aos desenvolvimentos no país entre muitos membros da FRETILIN. Mas o que defende agora a FRETILIN, qual é a sua posição em Timor-Leste?R: Ganhámos as eleições recentes. Tivemos cinco anos de governação muito difícil da guerra e independência, porque a situação que herdámos era muito complexa. Tivemos de começar do zero, mas algumas pessoas não compreendem que não tínhamos nenhum Estado, nenhumas instituições. Obviamente tínhamos a Constituição e o governo – um Presidente e um Parlamento eleitos – mas o Estado como instituição – não. Tivemos de construir tudo do nada, incluindo a moldura legal Sem ter um Estado real, não se pode desenvolver políticas coerentes socio-económicas. Este é o ponto. Mas é muito difícil explicar isto ao povo que tem expectativas muito altas desde o momento da independência. Para resumir, a FRETILIN deu ao país expectativas muito altas mas não pudemos satisfazer essas expectativas num período de tempo muito curto. O povo lutou durante 24 anos para obter a independência. Depois de a ganharem era impossível alcançar tudo do dia para a noite. Tivemos de construir ao mesmo tempo a nação e o Estado.P: Na sua opinião que sucesso teve a construção da nação e do Estado ? No fim de contas isso foi um sucesso, dado que aconteceu num tão curto período de tempo?R: Mesmo com as crises de 2006, isso foi um sucesso. Foram feitas muitas coisas. Alcançámos uma gestão macro-económica e fiscal muito sólida. Criámos uma moldura legal e demos instituições a funcionar ao país. Tudo foi feito com base na regra da lei. E não se pode fazer isto do dia para a noite. Ainda acredito que em quatro anos alcançámos mais do que muitos outros países alcançaram em 10 a 20 anos, especialmente no que toca aos esforços de construção do Estado. Herdámos um país com absolutamente nenhum dinheiro. Nem um único cêntimo nos pertencia e no princípio tivemos de trabalhar apenas com dinheiro de dadores. Graças às negociações com sucesso com a Austrália temos agora o nosso próprio orçamento. E de repente é fácil prometer coisas ao povo. Mas de 2002 até 2005 era ainda impossível fazer qualquer promessa realista.P: Com os rendimentos do petróleo e do gás, quão dramáticas vão ser as mudanças em Timor-Leste?R: Se os rendimentos forem bem geridos, toda a situação social e económica mudará dramaticamente. Agora de facto somos capazes de responder às necessidades dos ex-combatentes. Podem receber uma casa e alguma pensão. Estamos em posição de entregar.P: A FRETILIN é historicamente um movimento de esquerda. Quando discuti esta questão com o Presidente Xanana Gusmão há poucos anos ela já se estava a separar-se do Marxismo. Mas em que extensão é ainda a FRETILIN uma força de esquerda, socialista?R: A FRETILIN nunca foi um movimento Marxista. Sendo um movimento e sendo uma frente, tentou incluir toda a gente. E se se inclui toda a gente, não se pode ser ideológico. Em segundo lugar, quem é que em 1981 declarou que a FRETILIN era um partido Marxista-Leninista? Foi o próprio Xanana.P: Mas depois ele negou isso…R: Exactamente. Em breve ele viu que tinha cometido um erro. Então tentou mudar tudo, apenas para mostrar às pessoas que não era mais um Marxista. Apesar de tudo, a FRETILIN dos dias presentes é um membro completo da Internacional Socialista.Q: Em termos práticos o que é que isso significa em Timor Leste?R: Em termos práticos a FRETILIN, como qualquer outro partido que ganha as eleições, tem que resolver os problemas reais -- pobreza, e a necessidade duma melhor educação e cuidados de saúde. A nossa Constituição promete educação gratuita e cuidados de saúde gratuitos. Mas a questão principal é erradicar a pobreza no país. Como governo não se pode sobreviver se não se conseguirem progressos nestas questões. Hoje, em Dili, estão a discutir planos para o novo governo é já é óbvio do que mais não são do que uma cópia clara dos planos implementados anteriormente pelo meu governo. Continuam a dizer que vão mudar isto e aquilo, mas na realidade não haverá mudanças maiores, apenas continuidade. A única diferença é que agora podem prometer mais do que nós, porque têm fundos.Q: Onde é que isto tudo vai parar?R: Já tínhamos começado a implementar novas políticas em 2005 e 2006. Demos mais atenção ao desenvolvimento comunitário, ex-combatentes, veteranos, viúvas e órfãos. Logo que os rendimentos do petróleo começaram a chegar, aumentámos o orçamento duas e três vezes. E começámos com programas lidando com o desenvolvimento rural. Começámos também o processo da descentralização, com projectos pilotos em quatro ndistritos.P: A educação mantém-se o desafio principal. As duas línguas oficiais de Timor-Leste são o Português e o Tétum. Como é que se resolvem estes problemas nas esxolas?R: Da nossa população de cerca de 1 milhão pelo menos 300,000 crianças e adultos têm de ir à escola todos os diaa. Isso significa que precisamos pelo menos de 6,000 a 7,000 professores qualificados. Obtivémos 300 professores de Portugal e estamos a tentar obter muitos da Indonésia. Um problema que temos é a língua. Muitas pessoas não falam ainda bem o Português e ao mesmo tempo o seu Bahasa Indonesian está a degenerar.P: Apesar de todos os problemas que o seu país está a enfrentar, mantém-se optimista?R: Sim, definitivamente. Todo o nosso país passou por um período muito difícil. Todos nós devemos aprender lições das crises e tentar resolvê-las politicamente. A nível internacional, estamos apertados entre dois gigantes – Indonésia e Austrália. Precisamos de ter boas relações com ambos. Mas com a Indonésia não é uma opção – é uma obrigação.MARI ALKATIRI (nascido a 26 Novembro 1949) foi o primeiro-ministro de um Timor-Leste internacionalmente reconhecido. Serviu desde Maio de 2002 até resignar em 26 Junho 2006 no seguimento de semanas de desassossego político no país. É o secretário-geral da FRETILIN, mas tem a oposição do governo da Austrália de Howard.ANDRE VLTCHEK: novelista, escritor teatral, jornalista e realizador de cinema, Director Editorial da Asiana Press Agency (www.asiana-press-agency.com), co-fundador da editora Mainstay Press publishing house para ficção política. A sua última novela “Point of No Return” conta a história de correspondentes de guerra em várias zonas de conflito, incluindo Timor-Leste. Cobriu intensamente Timor-Leste, principalmente durante a ocupação pela Indonésia. Presentemente vive e trabalha na Ásia e Pacífico Sul e pode ser alcançado em: andre-wcn@usa.net. Andre Vltchek entrevistou Mari Alkatiri em 13 de Setembro, no Sultan Hotel em Jacarta, Indonesia.Geoff Gunn é Professor de Relações Internacionais, Universidade de Nagasaki e um especialista em Àsia di Sudeste, particularmente Indonésia,Timor-Leste e Malásia. Escreveu este artigo para Japan Focus.
Fonte: Japan Focus, Sexta-feira, Outubro 19, 2007 8:51:00 AM

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