
José Ramos-Horta disse esta terça-feira a Gastão Salsinha e ao homem que disparou sobre ele, Marcelo Caetano, que lhes perdoa «como cristão» mas que têm de enfrentar a justiça, informa a Lusa. «Em relação até à pessoa que tentou assassinar-me, perdoo como cristão, como ser humano. Como chefe de Estado (disse-lhe que) ele tem que enfrentar a justiça», declarou José Ramos-Horta no Palácio do Governo. O Presidente da República saía de um encontro em que se dirigiu ao ex-tenente Gastão Salsinha e ao restante grupo de 14 fugitivos que, às 12:30 (04:30 em Lisboa), chegaram ao Palácio do Governo sob fortes medidas de segurança. «Não tenho ódio», acrescentou José Ramos-Horta. No Palácio do Governo, o chefe de Estado dirigiu-se a Gastão Salsinha, acusado de liderar o ataque contra o primeiro-ministro, e ao grupo de homens que agora se renderam às autoridades. Entre eles estava Marcelo Caetano, identificado por José Ramos-Horta como aquele que disparou sobre ele a 11 de Fevereiro.
Nem Salsinha nem Caetano responderam ao Presidente da República, que falou sentado e calmamente e explicou que, judicialmente, o grupo tem direito à presunção da inocência até se provar a sua responsabilidade pelos acontecimentos de 11 de Fevereiro.
«Eu disse apenas que a justiça tem de ser feita e têm que ser eles próprios a ir a tribunal e explicar o porquê da sua acção no 11 de Fevereiro, mas também quem lhes deu as armas, uniformes, dinheiro, meios de comunicação, telefones, ao longo desses meses todos», explicou o Presidente da República.
O grupo de Gastão Salsinha chegou a Díli numa coluna de dezena e meia de viaturas, envolvendo as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), unidades especiais da Polícia Nacional, o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, e a sua segurança pessoal, a GNR e as Forças de Estabilização Internacional (ISF).
48 horas à guarda do comando «Halibur»
O ex-tenente das forças armadas timorenses vai ficar 48 horas à guarda do comando conjunto da operação «Halibur» antes de ser entregue à justiça.
Só depois de 48 horas, Salsinha e o seu grupo serão entregues ao Procurador-Geral da República timorense, afirmou em conferência de imprensa o tenente-coronel Calixto dos Santos Coliati, das F-FDTL.
O tenente-coronel Coliati, que comandou nas últimas semanas as operações de captura no distrito de Ermera (oeste), explicou que «Salsinha não se rendeu ao comando conjunto, rendeu-se à justiça».
Fonte: IOL Diário (edição 29 Abril 2008)
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